BAIRRO BOM JARDIM COMPLETA HOJE 57 ANOS

Por Valdeci Carvalho e Weslay Mendonça
Conhecido pelos altos índices de criminalidade constatados nas décadas de 80 e 90, atualmente o bairro vem se destacando pela organização comunitária e pela constante busca coletiva de melhorias sociais.
Antes, ainda na década de 50, existia apenas a fazenda Boa Vista, comprada por João Gentil no ano de 1952 e que, dividido o terreno em lotes, ganhou o nome de Bom Jardim.
A década de 60 foi um período em que muitas familias vieram para o bairro, pois o grande contigente de imigrantes chegando à cidade, contribuiu para atrair famílias oriundas do campo e que vieram em busca de melhores oportunidades na cidade.
Em um terreno doado por João Gentil, foi fundada, em 1965, a Igreja de Santa Cecília, sendo até hoje considerada o centro do bairro.
Apenas na década de 70 o bairro ganhou sua primeira escola; o Grupo Sebastião de Abreu, atual E.E.F Sebastião de Abreu, que foi entregue à população no dia 31 de março de 1971.
Na década de 80 uma grande quantidade de pessoas de outros bairros mudaram-se para o Bom Jardim devido à grande quantidade de terras disponíveis. Foi nesse mesmo período que o governo da época entregou casas populares à famílias que viviam em àreas de risco da cidade. Essas pessoas imigraram na comunidade gerando um aumento populacional desordenado, sem nenhuma forma de assistência social, longe de seus parentes e sem oportunidades de emprego. Tudo isso, contribuiu para o crescente índice de violência que começou a assolar o local e e logo dar fama ao bairro.
A década de 90 foi marcada pela surgimento de atividades sócio-educativas, criação de movimentos comunitários e pela implementação de politicas públicas no bairro, com o intuito de amenizar a violência alarmante do período.
Atualmente, o bairro e seu entorno, denominado Grande Bom Jardim, é formado pelo Siqueira, Canindezinho, Granja Lisboa e Granja Portugal. Possuindo cerca de 180 mil habitantes, o que equivale a população de Maracanaú (179.732) é superior ao Crato (104.646) e Sobral (155.276).
Quem anda pelas ruas do bairro já percebe as mudanças: grupos de idosos à caminho das aulas de coral, crianças participando de atividades no projeto ABC e Circo Escola, meninas vestidas de bailarinas indo para o Centro Cultural do Bom Jardim, jovens discutindo arte na escola Caic Maria Alves Carioca, reuniões promovidas por associações comunitárias, artistas articulando espetáculos na Rede de Arte e Cultura do bairro, ONG´s promovendo atividades voltadas para a defesa dos direitos de crianças e adolescentes, lideres comunitários discutindo melhorias para as praças, jovens do projeto Nosso Espaço promovendo oficinas nas escolas, grupos de artistas ensaiando nos espaços das escolas, mulheres trabalhando em conjunto na produção e venda de artesanatos, além de moradores e ex-moradores da comunidade atuando em projetos de promoção à saúde, educação e cidadania.
Em resumo, o Bom Jardim merece ter sua história contada, pois suas lutas por melhorias sociais serve como exemplo para outros bairros que passam por situações semelhantes, pois o que vem transformando a realdade dessa comunidade é a organização comunitária através do trabalho de líderes locais, associações de bairro, ONG´s, atividades extra-curriculares promovida por escolas, politicas públicas do Estado e Município, e principalmente a participação popular.